1ª parte da intervenção da vereadora Ana Bastos na Reunião de Câmara de 14 de setembro de 2020
O atravessamento de espaços urbanos por linhas de alta tensão, para além do aspeto terceiro-mundista que confere à cidade, é ainda uma fonte de danos, restrições, riscos e impactos para a comunidade e para o meio ambiente.
Com o seu envelhecimento e o agudizar das catástrofes naturais, em caso de rutura e queda de um cabo ou uma torre, as consequências seriam seguramente desastrosas quer em termos humanos quer materiais.
É o caso da linha de alta tensão que liga a Estação dos Pereiros à sub-estação do Alto de s. João e que se sobrepõe ao polo II da UC e a zonas residenciais de elevada densidade. Apesar do seu custo, apenas a adoção de linhas subterrâneas, permite mitigar estes impactos fisicos, sociais e ambientais.
O polo II da UC é reconhecido, pela comunidade técnica, como uma zona de grande potencial paisagístico, integrando edifícios de arquitetura de vanguarda premiada. Para além do impacto visual e ambiental, a presença desta linha interfere ainda com o funcionamento do equipamento de investigação e fomenta um sentimento de insegurança em todos os que ali trabalham e vivem, particularmente em dias ventosos e de intempéries. Para além de atravessar ou de passar adjacente a 4 departamentos da FCTUC, esta linha sobrepõe-se a um centro de investigação e ao refeitório.
É urgente mudar e Coimbra não pode ignorar e desperdiçar esta oportunidade.
Encontra-se em período de consulta pública, até dia 15 de setembro, o Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Distribuição de Eletricidade para o período 2021-2025 (PDIRD-E 2020), associado a um investimento total de mais de 1000 milhões de euros. Este plano, numa perspectiva de modernização do sistema, assenta numa clara aposta em redes inteligentes, no reforço da resiliência e na renovação e reabilitação dos ativos, onde a componente ambiental assume um papel central. Em causa estão, entre outros, investimentos em áreas como a transição energética e expansão de rede, e na qualidade de serviço oferecido como resposta aos novos desafios de operação, através de um maior grau de digitalização e automação. Reconhecendo o envelhecimento da rede e o consequente aumento do seu risco de falha, a EDP dá ainda "especial atenção aos fenómenos climatéricos extremos", que se apresentam cada vez mais intensos e frequentes, propondo-se "aumentar a resiliência da rede, convertendo a rede aérea em subterrânea nas áreas mais vulneráveis".
Neste sentido, o SC propõe que a Câmara Municipal, intervenha urgentemente no processo de consulta púbica e proponha o enterramento da linha de alta tensão, no trecho que atravessa o Pólo II e o Pinhal de Marrocos até à subestação do Alto de São João. Estando em fase de arranque as obras do trecho suburbano da linha do MetroBus, deve esta autarquia propor, que sejam avaliados, com a máxima urgência, os potenciais benefícios resultantes do aproveitamento do canal ex-ferroviário para inclusão de uma calha técnica e definição de um circuito alternativo para a linha subterrânea, em substituição do atual traçado urbano.
Esta proposta merece o apoio da reitoria da UC, a qual já terá formalizado este mesmo pedido no âmbito da consulta pública em curso. Desafia-se igualmente esta CMC, em sintonia com a UC, a intervir nesse processo, reforçando a relevância desta proposta e na sua sequência a encetar esforços com a EDP no sentido de garantir a sua concretização. Relembro, o prazo termina amanhã, por isso não há tempo a perder! Para além dos benefícios ambientais visuais e de valorização do património para a cidade e para UC, esta proposta traduz-se ainda num claro aumento de segurança e de qualidade de vida das populações do Pinhal de Marrocos, bem como na melhoria da resiliência da rede contra os incêndios.
Ler a segunda parte da intervenção da vereadora Ana Bastos aqui.
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