Intervenção inicial do vereador José Manuel Silva, na Reunião de Câmara de 26 de julho de 2021
Cartoon da autoria do Movimento Humor
O cluster da Saúde será um dos importantes setores em que a coligação Juntos Somos Coimbra irá concentrar energias e promover uma aposta estratégica de crescimento, nas vertentes ensino, investigação, prevenção, industrial e assistencial, consolidando e desenvolvendo a condição de Coimbra como um polo de saúde de dimensão nacional e internacional.
Neste âmbito, uma das questões mais polémicas tem sido o progressivo desinvestimento no SNS, em Coimbra, por parte do governo socialista, com particulares e graves efeitos no esvaziamento contínuo do Hospital dos Covões e na ausência de construção da nova maternidade, melhor dizendo, do novo serviço de obstetrícia e neonatalogia de Coimbra.
Recordo, mais uma vez, que já no ano passado a Profª Teresa Almeida Santos lançou assertivos gritos de alerta que não podem continuar a ser ignorados: as duas maternidades do CHUC estão em colapso iminente e não dispõem de serviços essenciais e a construção da nova maternidade, que é uma emergência, não pode ser um campo de batalha política.
Face ao notório e deliberado esvaziamento dos Covões, conduzido pelo PS, propusemos que fosse definido um plano estratégico para este hospital, que incluísse a área da geriatria, profundamente deficitária em Portugal e que contribuísse para salvar os Covões da destruição. Lamentavelmente, nada aconteceu e, pela mão do PS, a destruição acelerada continuou e continua, apenas interrompida pela pandemia COVID-19, que evidenciou a inegável importância dos Covões. Alguns, por profundo desconhecimento, ou para lançar a confusão e a demagogia enquanto esvaziam os Covões, alguns parecem querer confundir geriatria com um lar de velhos, com a mesma incapacidade intelectual que têm para perceber que um hospital pediátrico não é um jardim infantil nem um depósito de crianças.
Assim, porque o que está a acontecer é intolerável e foi longe demais, porque o PS está há 8 anos a meter o pau na roda da nova maternidade e a destruir o futuro dos Covões:
Exigimos a publicação imediata de um plano estratégico para os Covões;
Exigimos a abertura da urgência dos Covões 24h/dia;
Exigimos a recuperação da generalidade das valências de Hospital Central Polivalente dos Covões, em complementaridade com os HUC e melhorando a resposta aos doentes, e, considerando o elevado envelhecimento do concelho e a falta de respostas adequadas a este escalão etário, incluindo uma nova e forte valência de geriatria, com as características do Gérontopôle de Toulouse ou do Tokyo Metropolitan Geriatric Medical Center, não com o objetivo de institucionalizar idosos, mas sim de permitir e promover a sua recuperação rápida e que possam voltar às suas residências, ao seu lugar, com condições funcionais de autonomia e um acompanhamento especializado adequado;
Exigimos que a Quinta dos Vales seja integralmente dedicada à Saúde;
Exigimos que seja reposta a autonomia de gestão do Hospital dos Covões;
Exigimos para Coimbra a construção imediata de um serviço de obstetrícia e neonatalogia que ombreie com os respetivos serviços do Hospital de S. João e do Hospital de Santa Maria, dispondo dos mais modernos recursos técnicos e do acesso imediato a todas as especialidades, para bem da vida das nossas grávidas e dos nossos bebés. O Ministério da Saúde que assuma e decida a sua localização e que avance imediatamente com a obra!
A explicação para o que se passa na Saúde em Coimbra pode ouvir-se com clareza num podcast do PS, com uma entrevista ao Dr. Manuel Machado, recentemente publicado e disponível para quem o quiser escutar. O PS desistiu dos Covões. Aos 18 minutos desse podcast podemos ouvir com absoluta clareza que o PS está disponível para aceitar a construção da nova maternidade junto aos HUC e ao Hospital Pediátrico desde que haja um estudo para aí ser construída de raiz uma nova maternidade.
Ora, a verdade é que já existem vários estudos nesse sentido, num dos quais a própria Câmara PS participou, e nenhum em sentido inverso, face ao estado atual dos Covões.
Confirma-se assim que não são verdadeiros os protestos de alguns dirigentes locais do PS de que queriam a maternidade nos Covões. Confirma-se igualmente que a estratégia de sistemático esvaziamento dos Covões, desenvolvida pelo Governo, Ministério da Saúde e ARS, cujos dirigentes são todos do PS, é realmente a política de Saúde para Coimbra, definida de forma consciente e deliberada pelo PS nacional e pelo PS de Coimbra.
Aliás, a recente apresentação em Coimbra pelo deputado António Maló de Abreu do relatório relativo à petição pública sobre o Hospital dos Covões, petição que também assinei, mostra a hipocrisia do PS, que aprova o relatório do Parlamento, relatório esse que confirma que o Ministério da Saúde está a degradar os Covões, mas continua no terreno a conduzir ativamente esse processo de esvaziamento e degradação. Esta irreconciliável contradição demonstra que o PS local e nacional não estão a ser sérios.
De entre várias, outra passagem que nos deve preocupar é quando o Dr. Manuel Machado menospreza e ridiculariza Coimbra, asseverando que “em Coimbra uma coisa para ser nova tem que ter no mínimo umas dezenas de anos”, afirmação corroborada pelo entrevistador Luís Osório, que considera (será por maledicência?) que Coimbra é a cidade portuguesa mais parecida com aquilo que é a cultura chinesa, pois é preciso ter “paciência de chinês”.
Foi chocante a jocosidade com que o presidente de Câmara de Coimbra e o entrevistador concordaram com a enorme lentidão com que quase tudo vai acontecendo em Coimbra.
Infelizmente, é mesmo uma dura e triste realidade de Coimbra, que bem conhecemos, para a qual os 20 anos de presidência do Dr. Manuel Machado e do PS muito contribuíram, e que tanto tem prejudicado Coimbra. Basta lembrar os 30 anos que, por culpa da Câmara, foram necessários para legalizar o polo III e que o polo II da UC continua por legalizar há 40 anos, sem falar no novo Palácio da Justiça, qua aguardamos há mais de 50 anos.
Podemos garantir que coligação Juntos Somos Coimbra vai acelerar a Câmara e Coimbra, que as novas ideias e os novos projetos deixarão de precisar de 30 anos para serem implementados e que Coimbra desenvolverá uma estratégia CulTec de crescimento.
Não aceitaremos que Coimbra tenha de esperar 30 anos pela nova maternidade e, nos múltiplos contactos que temos desenvolvido, sentimos que os conimbricenses estão saturados da “paciência de chinês” e que estão determinados a mudar a Câmara nas próximas autárquicas, para inverter o processo de destruição dos Covões, para que o novo serviço de obstetrícia e neonatalogia seja finalmente construído, para modernizar e desenvolver Coimbra e para dar mais oportunidades de emprego e de vida aos jovens.
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