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Ecovia sempre vazia...

1ª parte da intervenção inicial da vereadora Ana Bastos na Reunião de Câmara de 28 de junho de 2021


Cartoon da autoria do Movimento Humor



A ECOVIA entrou ao serviço no passado 1 de junho e de imediato começou a evidenciar as debilidades para as quais o Somos Coimbra repetidamente alertou (maio de 2021 e fevereiro de 2021).


A criação de um serviço isolado, por mais prático e atrativo que seja, sem se fazer acompanhar de medidas complementares dissuasoras ao uso do veículo automóvel, em pouco ou nada contribuirá para a alteração modal. A agravar o lançamento da iniciativa, sem ter sido devidamente estudada e preparada, em época de exames e de teletrabalho, apenas se justifica enquanto medida popular e eleitoralista. Em consequência, Coimbra assiste diariamente à circulação de centenas de viagens dos miniautocarros em vazio, contando-se pelos dedos das mãos o número de passageiros transportados. Apesar da falta de procura e, por inerência, do descalabre económico, continuam a ser desviados motoristas das carreiras regulares para o serviço da ECOVIA, deixando dezenas de chapas por sair diariamente e centenas de pessoas à espera nas paragens, sem acesso a qualquer informação. Só na passada 3ª feira, foram 27 as chapas que não foram realizadas. O recurso às folgas esgota-se, pelo que por este andar não tarda a serem esgotadas as 200 horas extraordinárias anuais permitidas pela Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.


Saudamos os protocolos celebrados com a UC e com os CHUC, no sentido de ser promovido o serviço, seja através de modalidade e preços especiais, seja através da indispensável gestão do estacionamento. Contudo, os estudos continuam por elaborar, pelo que nenhuma medida será concretizada no curto prazo, pondo em causa a sustentabilidade do projeto. Nem os preços de saldo anunciados se revelam suficientemente atrativos para combater o veículo automóvel, que, sem custos adicionais associados e uma fiscalização ativa, continua a ser a preferência dos conimbricenses. Até lá, acumulam-se os prejuízos da ECOVIA ao mesmo tempo que se perdem clientes no serviço regular.


O que é que continua a falhar e importa corrigir?


  1. O sistema é de difícil acesso. No caso do parque verde, não faz qualquer sentido que o utilizador não portador de passe seja impedido de adquirir o bilhete diretamente no local e obrigado a pré-adquiri-lo no posto de venda do parque. Várias pessoas demostraram a sua revolta por terem sido obrigados a pagar o estacionamento e o bilhete ECOVIA.

  2. Bilheteiras improvisadas. No caso do parque do Vale das Flores a bilheteira é assegurada dentro de um miniautocarro sem AVAC e WC, em condições de trabalho desumanas, evidenciando amadorismo, a impreparação do serviço e a inadequação do sistema de bilhética para responder ao novo sistema.

  3. O serviço é inflexível. As paragens limitam-se ao início e fim de linha, como se o sistema apenas tenha sido criado para servir a UC e os CHUC. O serviço deve ser flexível devendo, à semelhança da linha azul, parar em diferentes locais para recolha e largada de passageiros e alargar o potencial de procura.

  4. O serviço não prevê o transporte de acompanhantes. Não tendo sido criado um tarifário para acompanhantes, está a ser cobrado o mesmo valor quer ao condutor quer ao acompanhante, como se de dois veículos estacionados se tratasse, o que é um abuso. Com esta política de preços, a autarquia não incentiva ao uso partilhado das viaturas, nem ao aumento da taxa de ocupação, contrariando assim uma estratégia básica de promoção da eficiência energética.

  5. A política de preços é concorrencial aos SMTUC e discriminatória. O Passe Rede Geral + [Entidade] (mensal) no valor de 20 euros, válido para toda a rede e serviço de transporte do sistema ECOVIA, é concorrencial em relação ao passe da rede geral, no valor de 30 euros. Por 35 euros (+5 euros) mensais, assegura-se o acesso aos dois sistemas. Está-se assim a induzir, mesmo aos utilizadores fidelizados dos SMTUC, o uso do seu veiculo individual no acesso a um parque da ECOVIA contribuindo para aumentar o congestionamento nas entradas na cidade. O acesso ao Passe Rede Geral + [Entidade] pressupõe o estabelecimento de um protocolo entre a entidade e os SMTUC, tratando de forma diferenciada os munícipes consoante o local e a dimensão da empresa onde trabalham.

  6. A localização dos parques (Casa do sal e Parque verde) é inadequada, pela sua proximidade ao centro. Os poucos utilizadores do sistema acabam por preferir terminar a viagem a pé e abdicar dos bilhetes do transporte público, alimentando assim mercados paralelos indesejáveis e que em nada contribuem para a credibilidade dos SMTUC;

  7. A informação é escassa, designadamente em relação às modalidades de bilhética e condições especiais de utilização, linhas e circuitos.


Para um sistema que se autointitula de inovador, os utilizadores confrontam-se afinal com um sistema obsoleto, sem acesso por via tecnológica e desadequado às suas necessidades. Com tudo isto, o PS Coimbra está a descaracterizar um conceito, que apesar de interessante e considerado como uma boa prática internacional, caminha para o descrédito e para a insustentabilidade económica.

Ler a 2ª parte da intervenção da vereadora Ana Bastos aqui.

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