Recentemente, a vereadora Ana Bastos publicou no "Diário de Coimbra" um artigo de opinião sobre a ECOVIA que aqui transcrevemos:
«A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) anunciou o relançar do sistema ECOVIA, potenciando o uso integrado de parques de estacionamento e de 4 novas linhas de miniautocarros.
As notícias baseadas na nota de imprensa da CMC induzem erradamente os munícipes a pensar que irão ser criados 6 novos parques de estacionamento em pontos de entrada na cidade, permitindo retirar tráfego automóvel do espaço urbano. Ora, não é isso que vai acontecer!
Quatro dos 6 parques propostos já existem e situam-se no centro da cidade, pelo que em nada irão contribuir para evitar congestionamentos de trânsito. Por exemplo, o parque da Casa do Sal localiza-se numa das zonas mais complicadas em termos de acessibilidade, obrigando os interessados a atravessar um ponto crítico, antes de conseguirem aceder ao parque.
Ora, um verdadeiro sistema Park&Ride tem de ser apoiado em parques periféricos, estrategicamente localizados e acessíveis a partir das principais entradas no espaço urbano, convidando os utilizadores a largarem o seu veículo e acederem à rede de transportes públicos antes de entrarem no perímetro urbano.
A agravar, esses 4 parques registam na atualidade uma elevada taxa de ocupação, continuando por clarificar se, com a ECOVIA, o uso dos parques passará a ser exclusivo do sistema ou se vai ser alargado a outros utilizadores, bem como qual será a política de preços a adotar. Importa ainda garantir a complementaridade e a articulação com os restantes meios de transporte, nomeadamente com o novo serviço programado do MetroBus, até porque 4 desses parques se localizam junto a futuras estações.
O relançamento do sistema, já lançado anteriormente em 1997, deveria beneficiar da experiência então adquirida, designadamente das causas que justificaram o seu insucesso, e por inerência, a sua extinção em 2006. Contudo, anuncia-se o seu funcionamento exactamente nos mesmos termos, reincidindo-se nos erros de base.
O êxito deste tipo de estruturas depende da capacidade do sistema para garantir que o aderente chegue ao destino final mais rapidamente, e a menor custo, do que se optasse por fazer a viagem em veículo próprio.
Exige-se, por isso, a definição de circuitos diretos e rápidos para os transportes públicos e a criação de condições favoráveis à sua circulação, impondo-se investimentos infraestruturais, como a criação de uma rede lógica de corredores Bus e de medidas de apoio que minimizem o tempo perdido nas interseções. É ainda essencial a adoção de uma estratégia de gestão do estacionamento nas áreas sujeitas a maior pressão da procura.
Sem este tipo de atuação integrada, de estudos que permitam inferir o potencial de procura do sistema e de análises justificativas de custo-benefício, Coimbra arrisca-se a relançar um sistema economicamente insustentável, reduzido a uma mera bandeira política, e que em nada contribuirá para alterar os padrões de mobilidade dos conimbricenses, ao mesmo tempo que, tristemente, evidencia a incapacidade da autarquia para corrigir os erros do passado.»
Ler artigo de opinião sobre o mesmo tema assinado no "Público" aqui.
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