1ª parte da intervenção inicial da vereadora Ana Bastos na Reunião de Câmara de 24 de maio de 2021
Fotografia retirada do site do Município de Coimbra
Esta manhã (24/05) foram apresentados os 9 miniautocarros elétricos adquiridos para apoiar o sistema da ECOVIA, o qual se prevê que venha a entrar em funcionamento no início de junho.
A criação de um sistema eficaz de park&Ride e a sua devida articulação com o Sistema do MetroBus, deveriam contribuir de forma decisiva para alterar o paradigma da mobilidade em Coimbra, servindo para alavancar o uso e a fidelização de utilizadores ao sistema de transportes públicos.
Lamentavelmente, o PS Coimbra não quis dar ouvidos às críticas e sugestões prontamente apresentadas pelo Somos Coimbra (reuniões de 9/11/2020 e 22/2/2021) pelo que insiste na manutenção de erros básicos do passado e na readoção de um modelo de funcionamento que, com grande grau de certeza, se relevará novamente economicamente insustentável.
É certo que o sistema de transportes públicos, pela sua função social, não é suposto dar lucro, mas neste caso e tratando-se de um sistema seletivo, de elevada frequência e a operar nas zonas de maior procura, a salvaguarda da sustentabilidade é imperativa!
Mas nenhuma medida é eficaz quando aplicada de forma isolada, por isso o Somos Coimbra reafirma 5 propostas básicas essenciais ao sucesso deste projeto:
Rever o acesso aos espaços condicionados como o polo I e Alta de Coimbra, devidamente conjugado com o condicionamento da duração e tarifação do sistema de estacionamentos. Enquanto se mantiver o acesso livre ao sistema de estacionamentos, a procura do transporte público manter-se-á residual;
Criar uma verdadeira rede de parques periféricos, cobrindo os principais acessos ao centro urbano, de forma a acolher os utilizadores antes de entrarem no espaço central. Elegem-se o parque da estação velha, o parque das Lages e a zona do Almegue, como os 3 locais com elevado potencial para responder a esse desiderato;
Salvaguardar um bom serviço de transporte público no apoio a esses parques periféricos, tirando partido, com eventuais reforços e ajustes, da rede existente. A criação de novas linhas deveria ser a exceção e não a regra, como previsto no atual modelo;
Garantir a elevada frequência e fiabilidade do serviço, o que deverá obrigar a dispor de recursos humanos e de frota complementar para reforçar o serviço, designadamente em períodos de ponta e de recarga de baterias. Como prontamente demonstramos, os SMTUC, mesmo com os recentes reforços, não têm frota nem motoristas para responder a esta exigência. Para compensação, que serviços vão ser suprimidos?
Investir na infraestrutura, seja para reduzir os tempos de percurso, seja para aumentar a fiabilidade, alargando a rede de corredores bus e medidas de apoio ao transporte público.
Veja-se, a título de exemplo, os sistemas oferecidos por Cascais, Sintra e Porto, apoiados pela rede de transporte público local (como é o caso do comboio e do metro) - no caso de Sintra complementada com disponibilização de um serviço regular de transfer – numa ótica de MaaS (Mobility as a Service), pensada de forma a potenciar a utilização dos parques de estacionamento periféricos e a fomentar o uso do transporte público.
Com este serviço da ECOVIA, o PS Coimbra, ao invés de estar a proporcionar aos seus munícipes um serviço que complemente e promova o uso da rede de transportes públicos, está, pelo contrário, a criar um sistema paralelo e concorrencial quer ao MetroBus quer aos SMTUC e que apenas contribuirá para aumentar o deficit destes serviços municipalizados. Por uma questão de transparência, exige-se que os SMTUC apresentem, de forma regular e sistemática, os níveis de procura e o custo real do sistema.
Pode ler a 2ª parte da intervenção inicial da vereadora Ana Bastos aqui.
Comments