Cartoon da autoria do Movimento Humor
A Coolectiva perguntou aos diversos líderes políticos da cidade quais as estratégias para captar e para manter o talento no concelho de Coimbra, no âmbito da rubrica quinzenal "Questões Coimbrãs". João Gabriel Silva, membro da Comissão Política do Somos Coimbra, respondeu em nome do Movimento, num contributo que aqui transcrevemos:
«Coimbra dispõe de uma ferramenta poderosa para atrair talento: as suas instituições de ensino superior todos os anos atraem para a cidade milhares de jovens, muitos deles verdadeiramente brilhantes. Eles encontram, para além do ensino, um património e uma vida cultural, científica, desportiva e social que os encanta e vincula à cidade. A grande fragilidade de Coimbra é manter esse talento pois, ao terminar o seu curso, os jovens não encontram em Coimbra um tecido económico que lhes proporcione suficiente emprego qualificado, que lhes lance desafios motivadores.
Os dados demográficos são inequívocos e têm vindo a agravar-se: na faixa etária dos 25 aos 29 anos, de 2001 a 2019, Coimbra perdeu 53,5% da população residente, segundo os dados oficiais do INE. Uma catástrofe; Coimbra está na cauda dos 308 municípios do país. Esta é precisamente a faixa etária de quem termina o seu curso superior e vai procurar emprego. Não o encontrando em Coimbra, emigra para outras zonas do país e para o estrangeiro.
A prioridade máxima de Coimbra tem de ser promover a criação de emprego diversificado. É responsabilidade da Câmara Municipal criar condições reais de atratividade e competitividade para o investimento, essencialmente privado mas também público. Coimbra precisa de ser vista toda ela como um amplo polo, inovador e criativo, de incubação empresarial nas várias áreas do saber e da cultura. Infelizmente, nas últimas dezenas de anos e particularmente nos últimos mandatos, a Câmara Municipal de Coimbra tem-se tornado conhecida pela obstaculização à iniciativa empresarial, criando todo o tipo de dificuldades burocráticas a qualquer investimento, demorando muitas vezes vários anos a responder a pedidos elementares.
Havendo na vizinhança de Coimbra, e noutras zonas de Portugal, municípios com uma atitude muito mais acolhedora, os investidores obviamente afastam-se. Há dezenas de anos que não há um único investimento produtivo relevante em Coimbra, criador de emprego, vindo de fora do concelho. Para Coimbra reter o talento que atrai precisa de uma gestão autárquica que ajude o investimento criador de emprego. As pessoas com iniciativa precisam de encontrar na Câmara Municipal um parceiro empenhado em resolver rapidamente os múltiplos problemas que uma iniciativa nova sempre encontra. Atualmente, a gestão camarária só é eficaz a criar problemas, não a resolvê-los. É urgente mudar este paradigma. Um empresário que procure a Câmara tem de obter respostas e soluções imediatas.»
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