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Coimbra merece e precisa de uma estação intermodal condigna


Tomada de posição dos vereadores do Somos Coimbra apresentada na Reunião de Câmara de 27 de julho de 2020 sobre o Sistema de Mobilidade do Mondego – Projeto de “Renovação da Estação de Coimbra B”


Cartoon da autoria do Movimento Humor

Coimbra merece e precisa de uma estação intermodal condigna que integre e coordene num único ponto focal todos os modos de transporte, sendo a zona da estação velha a única que reúne todos os requisitos técnicos indispensáveis. Foi esse o desafio aqui lançado pelo Somos Coimbra, na reunião de 22/6/2020, e que mereceu o silêncio do PS de Coimbra, mesmo após o envio formal do pedido de agendamento desse assunto, para reunião consecutiva deste executivo.


Face a esta proposta do PS, para iniciar os procedimentos com vista à elaboração do programa preliminar para criação de uma gare intermodal associada a Coimbra-B, fica claro que o PS Coimbra está em sintonia com o Somos Coimbra ao eleger esta infraestrutura como primordial e emergente para Coimbra! Deve agora o foco da discussão centrar-se nas valências e exigências a serem salvaguardas.


Não deixa de ser curioso que seja a própria informação dos serviços técnicos da CMC que admite que a localização atual apresenta limitações do espaço, sendo essa constatação igualmente manifestada pela própria IP. Apesar disso, a IP e a CMC, a exigir uma cabal explicação, insistem nesta localização acanhada. E talvez por isso, também a área identificada para a construção da futura central de camionagem, junto à Estação B, se limite a um cantinho cuja área representa sensivelmente metade da área atualmente ocupada pela central de camionagem da Avª Fernão de Magalhães, sob a gestão da Transdev. O PS de Coimbra continua a pensar pequenino!


O Somos Coimbra tem defendido que a requalificação da Estação B deve permitir criar uma verdadeira estação intermodal, que responda às exigências atuais e previsíveis, sendo ainda essencial salvaguardar potencial de crescimento para incorporar novos serviços e valências. Foi essa a premissa que justificou, no âmbito do Plano de Urbanização da Entrada Poente e Nova Estação Central de Coimbra do Arqt. Joan Busquets, a deslocação da estação B para cerca de 500m a norte, viabilizando, entre outros serviços, a compatibilização do comboio convencional com a alta velocidade.


Tal como o Somos Coimbra já o afirmou anteriormente, a aceitação da manutenção da localização da Estação de Coimbra B no sítio atual, por parte da CMC, mata qualquer possibilidade de Coimbra vir a ser paragem para a alta velocidade dando-a de mão beijada a Aveiro. É o partido Socialista e todos os que não votarem contra esta proposta que estarão, mais uma vez, a abortar o desenvolvimento de Coimbra, ao aceitar uma solução minimalista e sem qualquer perspetiva de futuro; ficarão para a história com mais este ónus.


Será a alta velocidade uma miragem ou perspectiva-se como uma realidade? É certo que será uma realidade! Não sabemos exactamente quando, mas, mesmo assim, enquanto decisores atuais, não podemos conscientemente abortar soluções de futuro. É provável, até, que seja a curto prazo que a alta velocidade avance, graças aos muitos milhares de milhões que Portugal vai receber da Europa e às restrições que começam a ser colocadas aos voos de curta distância, por razões ambientais.


Para além do discurso do Ministro das Infraestruturas no final de 2019, também integrada na VISÃO ESTRATÉGICA PARA O PLANO DE RECUPERAÇÃO ECONÓMICA DE PORTUGAL 2020-2030, de António Costa e Silva, defende um forte investimento em infraestruturas ferroviárias, sendo uma das propostas a criação de um “eixo ferroviário de alta velocidade Porto-Lisboa para passageiros começando com o troço Porto-Soure”, mantendo-se em perfeita sintonia com o já avançado pelo Governo PS. Mas a argumentação apresentada deve preocupar seriamente Coimbra! Ambos defendem que esta linha potenciará a afirmação das duas áreas metropolitanas e o seu funcionamento em rede, em substituição das ligações aéreas” remetendo Coimbra à sua insignificância, seriamente agravada com a previsível ligação estratégica desta futura linha à vizinha Espanha.


Com a solução hoje aqui trazida para aprovação, é claro que o Governo central quer Coimbra fora da rede de alta velocidade, com a clara conivência e aceitação do Partido Socialista de Coimbra.


Será que Coimbra não merece mais? Sem dúvida que sim, e há que exigi-lo! Ou será que o PS de Coimbra, acha que não?


Não é fácil nem legitimo pedir a qualquer cidadão de Coimbra, que depois de visualizar a maquete exposta nos paços do Município, em 2010, sobre esta área de intervenção e que evidenciava uma solução global funcional e enquadrada do ponto de vista da acessibilidade local, que agora aceite uma solução minimalista, sem potencial de crescimento e sem qualquer visão de futuro. Sublinha-se que para além da intermodalidade, o plano de Joan Busquets a ser concretizado de forma faseada no tempo, previa a reconversão urbanística de toda a zona envolvente à estação através da criação de uma nova centralidade com forte impacte na economia local, assente numa estrutura viária estruturante suportada no anel à Pedrulha. Com a solução atual, o acesso à Estação B vai continuar a depender do atravessamento do nó da Casa do Sal, cujos problemas de funcionamento, nos dispensamos de aqui caracterizar.


Mas é frustrante constatar que o entrave não é financeiro, mas meramente político. A nova estação intermodal estava à data, orçamentada em menos de 40 milhões de euros, sendo a solução acanhada hoje aqui apresentada, orçamentada em mais de 28 milhões, muito por força da intervenção adicional exigida na Rua Manuel de Almeida e Sousa, com resultados que muito deixam a desejar em termos paisagísticos e de impactes ambientais. Afinal o desenvolvimento de instrumentos de planeamento e de gestão territorial, não resultam necessariamente em soluções economicamente impraticáveis, mas pelo contrário permitem uma planificação lógica e sequência de obras que, tirando partido das oportunidades de investimento em cada momento, garantem a coerência e a qualidade global do projeto.


O Somos Coimbra vai continuar a defender de forma intransigente a proposta de criação de uma estação intermodal em Coimbra que integre todos os modos de transportes, incluindo a central de camionagem e vai integrá-la no seu programa eleitoral, exigindo qualidade e visão de futuro.


Até lá convidamos o Sr. Presidente para que conjuntamente com o Sr. Presidente das infraestruturas de Portugal, a revisitarem o site da IP onde de forma genérica se apresentam os princípios, objetivos e potencialidades da estação intermodal planeada, em 2010, por aquela instituição para Coimbra (https://www.infraestruturasdeportugal.pt/node/1374), assumindo à data, o Sr. Eng. António Laranjo, o rumo da RAVE.


Perante tal retrocesso e falta de ambição, não resta alternativa ao Somos Coimbra senão votar contra esta proposta, que representa mais uma medida extremamente gravosa para Coimbra, do nível daquelas que já atiraram o concelho para um péssimo décimo nono 19º lugar em termos demográficos e um catastrófico sexagésimo quinto 65º lugar na produção de bens para exportação.


Os vereadores do Somos Coimbra

Ana Bastos José Manuel Silva

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