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As vinagretas do caminho

Artigo assinado por José Manuel Silva no "Campeão das Províncias" de 3 de junho



Quando se mexe com ‘o sistema’, é inevitável tornar-se num alvo preferencial dos ataques desse mesmo ‘sistema’ e daqueles que querem que tudo fique na mesma, que nada mude... Encaro isso com tranquilidade e espírito democrático. Tenho opinião própria e sou capaz de tomar decisões, logo, o ‘sistema’ sente-se incomodado.


Vem isto a propósito de uma vinagreta do último número do Campeão da Províncias (27 de maio), com o título: “JMS tem as quotas em atraso no PSD?”. Pretende insinuar-se, e não é por acaso, porque o título fica na memória das pessoas, que eu possa ter uma ficha ativa no PSD.


Sabe bem o Campeão que eu não consto de nenhum ficheiro de militantes do PSD (e se não sabe, bastava perguntar, como mandam as boas regras do jornalismo) e que há cerca de 20 anos que me afastei do partido, onde nunca desenvolvi atividade de relevo.


Sabe bem o Campeão, portanto, que não tenho quotas em atraso, nem ninguém as vai cobrar, mas parece querer colocar em dúvida a minha independência de pensamento e ação, talvez para se poder dizer que esta plataforma é uma candidatura ‘disfarçada’ do PSD e da ‘direita’.


Com esta vinagreta, o anátema ficou intencionalmente lançado, como todos sabem. Por isso venho aqui fazer este desmentido sereno e formal.


Já no título escolhido para a minha entrevista publicada no Campeão nº 1061, “Não quero dar porrada em ninguém, quero mudar e desenvolver Coimbra”, o Campeão deveria ter colocado a palavra ‘porrada’ entre aspas, pois ela decorre da longa introdução do entrevistador e não de uma escolha espontânea do entrevistado. Aliás, é um termo que não faz parte do meu léxico pessoal. Porém, assim, visou alimentar uma imagem de quem quer ‘partir tudo’, imagem que, de todo, não corresponde ao meu perfil de médico humanista e defensor do SNS, dos doentes, da transparência no serviço público e do diálogo.


Até relativamente aos partidos que fazem parte da coligação Juntos Somos Coimbra, numa contraditória e enviesada forma de análise, houve uma estranha tentativa, com alguma arrogância intelectual de permeio, em menorizar um dos partidos que a constituem, o RIR, ao mesmo tempo que se aceitou como normal que o MAS integrasse uma plataforma de independentes, não obstante ser o MAS um partido muitíssimo mais pequeno que o RIR.


Por razões que a razão não desconhece, tem havido da parte de alguns um particular espírito avinagrado contra a maior coligação que alguma vez se constituiu em Coimbra e por Coimbra, quando este exemplo de diálogo e democracia construtiva deveria ser elogiado. Uma coligação eclética, capaz de ganhar eleições, modernizar a gestão camarária, desenvolver o concelho e dar uma voz forte a Coimbra.

Porque são os temas realmente graves e que deviam preocupar, lanço o desafio de reflexão sobre os indicadores estatísticos de Coimbra, que, de tão negativos, são o resultado da má governação da Câmara, de que aqui dou apenas este exemplo: num total de 308 concelhos, em termos turísticos somos o 249º município no número médio de pernoitas por turista e o 230º no rendimento obtido, por turista, com dormidas nos hotéis e similares. Não há planeamento nem inovação turística em Coimbra, com prejuízo para quase todos! Urge trabalhar para melhorar estes e outros indicadores.


Finalmente, juntando um toque aromatizado ao azeite e vinagre do molho vinagrete, diria que, no mínimo, a oposição em Coimbra não é mais merecedora de vinagretas do que as forças políticas que ocuparam o poder na Câmara nos últimos oito anos e são as mais recentes responsáveis pelo contínuo estado de declínio do concelho, que tem vindo a ser ultrapassado por várias cidades mais dinâmicas.


Basta recordar a expansão de Braga, que é hoje o 8º município do país, em demografia, enquanto Coimbra caiu para 19º lugar; em 1981, Braga era o 14º e Coimbra era 11º município...


Vamos fazer crescer Coimbra e recolocar Coimbra no lugar que merece?

José Manuel Silva


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