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A insubstituível relevância do 'Campeão das Províncias' para Coimbra e a sua região


(José Manuel Silva - Edição 1000 do Campeão das Províncias, 28/11/2019)


Maxwell McCombs e Donald Shaw avisam para a capacidade que os media têm de influenciar a projeção dos acontecimentos na opinião pública, comprovando a sua relevância na fabricação de um pseudo-ambiente construído quase integralmente a partir dos mass media.

Conforme refere Soraia Correia, o poder dos meios de comunicação reside na definição dos temas noticiados, na forma como são transmitidos e na autoridade para selecionar os assuntos que serão difundidos, determinando o modo como o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos.

Quem vive, acompanha e protagoniza a atividade pública tem perfeito conhecimento do que é e não é noticiado e da forma, nem sempre correta, como são construídas as notícias, com óbvia influência sobre a opinião pública e as suas opções políticas, tanto a nível nacional, como local. Segundo José Pacheco Pereira, “o jornalismo constitui hoje a mais importante atividade que se passa no espaço público «sem ser escrutinada»”.

Numa Tese de Mestrado sobre a imprensa regional, Victor Amaral confere-lhe um importante papel de catalizador de uma cidadania ativa, levantando sensíveis questões de ordem prática que se prendem com o tipo de jornalismo de proximidade que se pratica nesses territórios.

Por exemplo, acrescenta, a diversidade e o pluralismo são dois conceitos chave neste processo, significando o agir democrático de trabalhar múltiplos temas, ainda que incómodos, e dar voz ao mais amplo campo de actores, sejam eles mais ou menos poderosos. Caso contrário, essa mesma proximidade tem efeitos nefastos e contrários à esperança que se deposita na função da imprensa regional.

Ao jornalismo regional, fundamental para a consolidação da Democracia, para a construção de uma consciência cívica exigente e esclarecida e para combater o espírito de alheamento que, por vezes, invade a sociedade civil, cumpre-lhe a obrigação (cada vez mais avaliada por públicos atentos e críticos) de ser interventivo, atento, credível e criativo, o que implica assumir, com profissionalismo, difíceis rupturas com o status quo dominante.

O jornal Campeão das Províncias tem procurado, como nenhum outro, com independência, rigor e criatividade, honrar este árduo e complexo exercício que se exige à impressa local e regional, sujeita que está às pressões do status quo dominante, às dificuldades de sobrevivência e à concorrência das redes sociais, onde a liberdade de expressão e de notícia quase não conhece limites.

Merece o nosso respeito e agradecimento que, contra muitos ventos e muitas marés, o Campeão das Províncias atinja o seu número 1000, mantendo a jovialidade da sua linha editorial crítica e provocante, com profissionalismo, independência e resiliência, sem medos nem tabus, abordando temáticas que só nele se conseguem encontrar, prestando assim um insubstituível serviço público.

A democracia em Coimbra precisa da edição 2000 do Campeão das Províncias. Por isso mesmo, sou um fiel assinante deste singular semanário, recebendo-o por email, poupando papel e árvores e mantendo-me um munícipe informado.

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