Cartoon da autoria do Movimento Humor
Intervenção do Somos Coimbra sobre a Requalificação da Estrada de Eiras – Estudo Prévio, apresentado na Reunião de Câmara de 22 de março
O Somos Coimbra saúda a intenção de readaptação do perfil da estrada de Eiras, a qual irá permitir beneficiar uma zona que carece de requalificação urbana e paisagística. Estes investimentos, para além de promoverem o uso dos modos suaves, não deixam de ser ainda contributos positivos para o fomento da vivência e da presença humana, como benefícios para a segurança pessoal, para a saúde e para a qualidade de vida em geral.
A criação de uma rede de ciclovias urbanas, expandida pelo menos até 1ª orla suburbana, é de crucial relevância para a alteração dos padrões de mobilidade, tal como tem defendido afincadamente o Somos Coimbra.
Mas, para isso, é preciso criar redes de ciclovias contínuas. Pedaços desconectados de ciclovias de nada servem, a não ser para propagandear em época eleitoral o que se deveria ter feito, mas na realidade não se fez!
Não podemos, por isso, deixar de lamentar que o estudo prévio nos seja apresentado numa fase por amadurecer e de forma incompleta, já que ao remeter a resolução dos pontos críticos e portanto das componentes tecnicamente mais complexas, para uma 2ª fase do estudo, as questões mais relevantes ficam por definir. Reafirmamos que a interrupção sistemática das ciclovias nesses locais críticos não é aceitável, já que abandona os ciclistas à sua sorte, nos locais de maior conflito e de sinistralidade.
Desde logo o início da ciclovia que arranca em plena estrada de Eiras sem garantir a interligação desta nova ciclovia à do Choupal. Essa ligação deve ser pensada e obrigatoriamente coordenada e integrada na reformulação da Estação de Coimbra-B e do Metrobus.
O Somos Coimbra concorda e apoia o princípio de base assente na redução da largura da faixa de rodagem, a qual fomenta a moderação da velocidade e sua reafectação ao uso dos modos suaves, seja pela redefinição e alargamento dos passeios, pela plantação de uma cortina contínua de vegetação e de árvores, seja ainda pela construção de ciclovias.
No que respeita à avaliação dos perfis transversais tipo a adotar em cada um dos 3 trechos identificados, e tratando-se de um estudo prévio, o Somos Coimbra faz questão de apresentar alguns contributos construtivos no sentido de melhorar o desempenho da solução final:
A largura de 2,2m adotada é insuficiente para responder a uma ciclovia bilateral, a qual de acordo com os manuais de boas práticas, deveria ter no mínimo 3,0m com um mínimo absoluto de 2,5m. Apesar de não ser esperada a circulação de volumes elevados de ciclistas neste circuito, a sua associação a um traçado plano, tenderá a cativar novos utilizadores, particularmente se a ligação à zona do Choupal for assegurada em segurança, pelo que se recomenda o seu alargamento.
Mesmo reconhecendo a relevância de criação de um separador físico entre a faixa de rodagem e a ciclovia bilateral, fator determinante à legibilidade da infraestrutura e à segurança dos ciclistas, não sendo possível recorrer a faixa adicional, o Somos Coimbra recomenda a reavaliação do perfil transversal, através da redução da faixa de rodagem para 6m e da faixa de verde para 0,75m (ainda compatível com a colocação de sinalização de código e, por inerência o alargamento da ciclovia para o mínimo de 2,75m.
O sistema de drenagem por rebaixamento do lancil não elimina a necessidade de manutenção do sistema tradicional à base de coletores urbano, devendo este sistema ser sujeito à monitorização da preservação das áreas verdes, já que a concentração de partículas poluentes e de resíduos de borracha concentradas no pavimento resultante da circulação e travagem dos veículos poderá afetar a sobrevivência e o normal crescimento das espécies arbustivas e arbóreas.
Embora não seja referido o tipo de pavimento a aplicar, sugere-se que os serviços técnicos avaliem previamente a qualidade do pavimento betuminoso existente. Os trabalhos levados a cabo recentemente no IC3 da Boavista são um perfeito desastre económico, com milhares de euros literalmente deitados ao lixo. Não faz qualquer sentido substituir os 4 ou 5 cms de camada superficial em perfeitas condições funcionais e estruturais, só para adição de pigmento de cor. Atualmente é possível recorrer a soluções técnicas adequadas sem pôr em causa a aderência pneu-pavimento e muitíssimo mais baratas.
Finalmente, informa-se esta Câmara que o IMT se encontra para abrir a discussão pública um Manual de Boas práticas de dimensionamento de arruamentos urbanos, desenvolvido pelo LNEC, pelo que brevemente Portugal terá disponível um documento técnico de apoio ao dimensionamento de infraestruturas cicláveis e assim contribuir para a uniformização das soluções, a nível nacional. É assim previsível que este projeto de execução já tenha de se vir a adaptar a esse documento normativo ou pelo menos recomendativo.
O Somos Coimbra vai dar mais um voto de confiança a esta Câmara, ao votar favoravelmente esta proposta, na expectativa que o estudo prévio da 2ª fase do projeto nos seja apresentado antes do projeto de execução desta 1ª fase, dando assim coerência ao monte de remendos hoje aqui propostos.
Ler intervenção do Somos Coimbra sobre a Ciclovia ao longo do leito Periférico Direito – Estudo de Traçado, apresentado na Reunião de Câmara de 22 de março, aqui.
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